22.10.06


Tem interesse este excerto, escrito em inglês, no caderno número sete, datado de 1961:
Passaram cinco anos e começo a esquecê-la, pois esta é a impressão mais viva que tenho dela...Eva tem os olhos pequenos, castanhos, o cabelo escuro muito comprido e cuja madeixa segura com a mão direita, poisada sobre o peito (o seio é também pequeno, mas firme e de uma perfeição extrema). Ela veste uma camisa de noite branca, com folhos azuis nas mangas. Tem a cara redonda, em forma lunar, o queixo muito suave e a pele pálida; os lábios são grossos. Não me lembro dos dentes, mas penso que são pequenos, o que não impede que tenha um riso muito agradável. O arco das sobrancelhas é vincado, o que lhe dá uma expressão mais severa no meio daquela leveza. O pescoço é longo e julgo que esconde as orelhas debaixo da cabeleira lisa. A imagem que retenho dela: Eva observa-se ao espelho, banhada pela luminosidade ténue que entra pela janela onde estou encostado. Por isso, vejo-a a dois terços, ligeiramente dobrada para a sua direita. Eu estou em contraluz, do ponto de vista dela, mas Eva não me olha nos olhos. Está a observar-se ao espelho, que se encontra a meu lado. A luz choca de frente com ela e parece mais pálida do que era de facto. Tem as faces rosadas, pois fizemos amor nem há cinco minutos.